Pai e filho trabalhando ao computador

Empresa familiar: como formalizar e melhorar a gestão

Imagem de Sanon Matias

Você sabia que as operações da empresa familiar representam cerca de 40% do PIB brasileiro? E que em alguns países, esse número pode chegar a 90%? ¹

Ficou surpreso? Aposto que você não imaginava que a empresa familiar corresponde à forma predominante de constituição empresarial em todo o mundo, certo?

Pois bem, dentro dessa perspectiva de representatividade e atuação global das empresas familiares, acreditamos que a temática de administração dessas empresas precisa ser estudada de forma mais profunda e abrangente. Isso porque uma empresa familiar tem estruturas e características próprias, que impactam de forma significativa os processos de gestão e operação dos negócios.

É esse motivo que nos leva a abordar a temática da empresa familiar nesse texto! Esperamos trazer aqui alguns insights para ajudar esse nicho de empresa a oficializar e operar de forma mais assertiva seu negócio.

Características da empresa familiar

Antes de pensarmos na atuação e gestão de uma empresa familiar, é preciso conhecer algumas características bem singulares que estão presentes nesses tipos de negócios.

Por se tratar de uma estrutura empresarial que envolve laços afetivos e amorosos, a empresa familiar passa por dificuldades e desafios bem específicos e intrínsecos da sua modalidade de constituição.

Oliveira (2006), que estuda o perfil das empresas familiares, destaca que esses negócios possuem as seguintes características principais:

  • Grande valorização da confiança mútua;
  • Fortes laços afetivos, que influenciam comportamentos;
  • Supervalorização da antiguidade;
  • Exigência de dedicação máxima;
  • Postura da austeridade;
  • Expectativa de alta fidelidade;
  • Dificuldade em separar o racional do emocional;
  • Jogos de poder.

A partir das características citadas pelo autor podemos entender que uma empresa familiar apresenta um grande apelo emocional e afetivo. Essa vertente mais emotiva impacta a gestão e operação da empresa, em algumas situações de forma positiva – como por exemplo na valorização da história e trajetória do negócio – e em outras situações de forma negativa – com a dificuldade de separar o racional do emocional, gerando conflitos e desentendimentos por exemplo.

Outra questão que deve ser levada em conta quando analisamos a gestão de uma empresa familiar é a mescla entre as culturas do negócio e da família. É inevitável que a cultura empresarial do negócio seja amplamente baseada nos valores, crenças e na cultura familiar dos empreendedores. Dessa forma a empresa torna-se um reflexo da família, e essa cultura pode impactar profundamente o andamento do negócio.

Por fim, queremos destacar uma última peculiaridade muito expressiva na grande maioria das empresas familiares: a falta de formalização e profissionalização da gestão do negócio.

Essa dificuldade ocorre devido ao perfil de liderança na empresa familiar, que muitas vezes encontra na sua figura patriarcal ou matriarcal o gestor ou gestora da instituição. Porém, na grande maioria dos casos – principalmente nas empresas de pequeno e médio porte –  a pessoa responsável pela gestão não consegue dedicar de tempo e esforço para formalizar os processos gerenciais a fim de ter a possibilidade de passar o bastão da gestão para outra pessoa quando for necessário.

Nesse cenário a empresa e toda a sua equipe saem prejudicados. E essa característica se apresenta como uma das principais barreiras de crescimento dos negócios familiares. Mas, não se preocupe, vamos falar agora sobre o assunto e esperamos te ajudar a iniciar a formalização da gestão na sua empresa familiar!

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Como formalizar a gestão de uma empresa familiar?

Antes de iniciar a formalização da gestão, é preciso que a família, os colaboradores e todos os envolvidos estejam cientes de que essa mudança será um processo. Que exigirá dedicação e comprometimento, mas também que renderá bons frutos, crescimento e fortalecimento para o negócio.

Compreendida essa característica, vamos aos passos essenciais para a formalização da gestão de uma empresa familiar:

Definição de cargos e funções – pode parecer que essa tarefa não possui grande relação com a gestão do negócio em si. Porém, quem já fez ou faz parte de uma empresa familiar sabe que as funções e responsabilidades de cada um podem não ser tão claras e definidas. Portanto, antes de iniciar as mudanças e o crescimento na gestão recomendamos criar um organograma da empresa, listando as pessoas e seu cargos, atividades e responsabilidades.

Planejamento – a grande consequência de não possuir uma gestão formalizada nas empresas familiares é a falta de planejamento. O gestor, ao ter que absorver diversas funções acaba falhando em planejar os próximos passos do seu negócio. Recomendamos instituir junto à equipe administrativa reuniões de planejamento conforme a necessidade da empresa: semanais, quinzenais ou mensais. E separar um tempo especial ao fim de cada ano para realizar o planejamento estratégico anual para o próximo período.

Contratação de um Software ERP – quando falamos em formalização de gestão a contratação de um software para essa finalidade é essencial. Ao contar um sistema para gerenciar as informações e processos internos a empresa ganha em produtividade e capacidade de decisão.

Ajuda externa – em muitos casos uma empresa familiar que decide formalizar sua gestão precisa contar com ajuda externa para decidir como realizar esse processo de forma saudável e consistente. Caso você identifique que esse é o caso na sua empresa procures órgãos como o SEBRAE, ou consultores especializados e dê início ao processo de formalização do seu negócio com mais segurança.

Esperamos que essas dicas possam ter ajudado você a entender as características principais de uma empresa familiar, seus desafios e oportunidades de crescimento, mas também, perceber a importância de dedicar tempo para melhorar uma das partes fundamentais de qualquer negócio: a gestão!

Referências

¹. Segundo o ENEF – Encontro Nacional de Empresas Familiares;
OLIVEIRA, D.P.R. de. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 22. Ed. São Paulo: Atlas, 2006. 

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